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TÁBUA BIBLIOGRÁFICA
Fernando Pessoa
NASCEU em Lisboa, em 13 de Junho de 1888. Foi educado no Liceu (HIGH SCHOOL) de Durban, Natal, África do Sul, e na Universidade (ingleza) do Cabo de Boa Esperança. Nesta ganhou o prémio Rainha Victória de estylo inglez; foi em 1903 ― o primeiro anno em que esse prémio se concedeu.
O que Fernando Pessoa escreve pertence a duas categorias de obras, a que poderemos chamar orthónymas e heterónymas. Não se poderá dizer que são autónymas e pseudónymas, porque deveras o não são. A obra pseudónyma é do autor em sua pessoa, salvo no nome que assina; a heterónyma é do auctor fóra da sua pessoa, é de uma individualidade completa fabricada por êlle, como o seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu.
As obras heterónymas de Fernando Pessoa são feitas por, até agora, trez nomes de gente ― Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Alvaro de Campos. Estas individualidades devem ser consideradas como distinctas da do auctor dellas. Fórma cada uma uma espécie de drama; e todas ellas juntas formam outro drama. Alberto Caeiro, que se tem por nascido em 1889 e morto em 1915, escreveu poemas com uma, e determinada, orientação. Teve por discipulos ― oriundos, como taes, de diversos aspectos dessa orientação ― aos outros dois: Ricardo Reis, que se considera nascido em 1887, e que isolou naquela obra, estylizando, o lado intellectual e pagão; Alvaro de Campos, nascido em 1890, que nella isolou o lado por assim dizer emotivo, a que chamou «sensacionista», e que ― ligando-o a influências diversas, em que predomina, ainda que abaixo da de Caeiro, a de Walt Whitman ― produziu diversas composições, em geral de índole escandalosa e irritante, sobretudo para Fernando Pessoa, que, em todo o caso, não tem remédio senão faze-las e publicá-las, por mais que dellas discorde. As obras destes trez poetas formam, como se disse, um conjuncto dramático; e está devidamente estudada a entreacção intellectual das personalidades, assim como as suas próprias relações pessoaes. Tudo isto constará de biographias a fazer, acompanhadas, quando se publiquem, de horoscopos e, talvez, de photographias. É um drama em gente, em vez de em actos.
(Se estas três individualidades são mais ou menos reaes que o próprio Fernando Pessoa ― é problema metaphisico, que êste, ausente do segrêdo dos Deuses, e ignorando portanto o que seja realidade, nunca poderá resolver).
Fernando Pessoa publicou, orthonymamente, quatro folhetos em verso inglez: ANTINOUS e 35 SONNETS, junctos, em 1918, e ENGLISH POEMS I—II e ENGLISH POEMS III, também junctos, em 1922. O primeiro poema do terceiro d’estes folhetos é a refundição do «Antinous» de 1918. Publicou, além d’isto, em 1923 um manifesto, SOBRE UM MANIFESTO DE ESTUDANTES, em appoio de Raul Leal, e, em 1928, um folheto, INTERREGNO — DEFESA E JUSTIFICAÇÃO DA DICTADURA MILITAR EM PORTUGAL, que o Govêrno consentiu que se editasse. Nenhum d’estes textos é definitivo. Do ponto de vista esthetico, o auctor prefere pois considerar estas obras como apenas approximadamente existentes. Nenhum escripto heterónymo se publicou em folheto ou livro.
Tem Fernando Pessoa collaborado bastante, sempre pelo acaso de pedidos amigos, em revistas e outras publicações, de diversa índole. O que d’elle por ellas anda espalhado é, na generalidade, de ainda menor interesse público que os folhetos acima citados. Abrem-se, porém, mas com reservas, as seguintes excepções:
Quanto a obras orthónymas: o drama stático O MARINHEIRO in ORPHEU I (1915); O BANQUEIRO ANARCHISTA in CONTEMPORANEA I (1922); os poemas MAR PORTUGUÊS in CONTEMPORANEA 4 (1922); uma pequena collecção de poemas in ATHENA 3 (1925); e, em o número I do diário de Lisboa SOL (1926), a narração exacta e comovida do que é o Conto do Vigário.
Quanto a obras heterónymas: as duas odes ― ODE TRIUMPHAL e ODE MARÍTIMA ―de Alvaro de Campos in ORPHEU 1 e 2 (1915); o ULTIMATUM, do mesmo individuo, em o número único de PORTUGAL FUTURISTA (1917); o livro de ODES, de Ricardo Reis, em ATHENA 1 (1924); e excerptos dos poemas de Alberto Caeiro in ATHENA 4 e 5 (1925).
O resto, orthónymo ou heterónymo, ou não tem interesse, ou o não teve mais que passageiro, ou está por aperfeiçoar ou redefinir, ou são pequenas composições, em prosa ou em verso, que seria difficil lembrar e tediento enumerar, depois de lembradas.
Do ponto de vista, por assim dizer, publicitário, vale, contudo, a pena registrar uns artigoshttp://www.pessoadigital.pt/pt/pub/Pessoa_A_Nova_Poesia_Portugueza_Sociologicamente_Considerada
http://www.pessoadigital.pt/pt/pub/Pessoa_A_Nova_Poesia_Portugueza_No_Seu_Aspecto_Psychologico
http://www.pessoadigital.pt/pt/pub/Pessoa_Reincidindo em A ÁGUIA, no ano 1912, sobretudo pela irritação que causou o anúncio nelles feito do «próximo apparecimento do super-Camões». Com a mesma intenção se pode citar o conjuncto do que veio em ORPHEU, dado o escândalo desmedido que resultou d’esta publicação. São os dois únicos casos em que qualquer escripto de Fernando Pessoa chegasse até à attenção do público.Fernando Pessoa não tenciona publicar ― pelo menos por um largo emquanto ― livro nem folheto algum. Não tendo público que os leia, julga-se dispensado de gastar inutilmente, em essa publicação, dinheiro seu que não tem; e, para o fazer gastar inutilmente a qualquer editor, fôra preciso um tirocínio para o processo a que deu seu apellido o saudoso Manuel Peres Vigário, já acima indirectamente citado.
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TÁBUA BIBLIOGRÁFICA
Fernando Pessoa
NASCEU em Lisboa, em 13 de junho de 1888. Foi educado no Liceu (HIGH SCHOOL) de Durban, Natal, África do Sul, e na Universidade (inglesa) do Cabo de Boa Esperança. Nesta ganhou o prémio Rainha Victória de estilo inglês; foi em 1903 ― o primeiro ano em que esse prémio se concedeu.
O que Fernando Pessoa escreve pertence a duas categorias de obras, a que poderemos chamar ortónimas e heterónimas. Não se poderá dizer que são autónimas e pseudónimas, porque deveras o não são. A obra pseudónima é do autor em sua pessoa, salvo no nome que assina; a heterónima é do autor fora da sua pessoa, é de uma individualidade completa fabricada por ele, como o seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu.
As obras heterónimas de Fernando Pessoa são feitas por, até agora, três nomes de gente ― Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos. Estas individualidades devem ser consideradas como distintas da do autor delas. Forma cada uma uma espécie de drama; e todas elas juntas formam outro drama. Alberto Caeiro, que se tem por nascido em 1889 e morto em 1915, escreveu poemas com uma, e determinada, orientação. Teve por discípulos ― oriundos, como tais, de diversos aspetos dessa orientação ― aos outros dois: Ricardo Reis, que se considera nascido em 1887, e que isolou naquela obra, estilizando, o lado intelectual e pagão; Álvaro de Campos, nascido em 1890, que nela isolou o lado por assim dizer emotivo, a que chamou «sensacionista», e que ― ligando-o a influências diversas, em que predomina, ainda que abaixo da de Caeiro, a de Walt Whitman ― produziu diversas composições, em geral de índole escandalosa e irritante, sobretudo para Fernando Pessoa, que, em todo o caso, não tem remédio senão fazê-las e publicá-las, por mais que delas discorde. As obras destes três poetas formam, como se disse, um conjunto dramático; e está devidamente estudada a entreação intelectual das personalidades, assim como as suas próprias relações pessoais. Tudo isto constará de biografias a fazer, acompanhadas, quando se publiquem, de horóscopos e, talvez, de fotografias. É um drama em gente, em vez de em atos.
(Se estas três individualidades são mais ou menos reais que o próprio Fernando Pessoa ― é problema metafísico, que este, ausente do segredo dos Deuses, e ignorando portanto o que seja realidade, nunca poderá resolver).
Fernando Pessoa publicou, ortonimamente, quatro folhetos em verso inglês: ANTINOUS e 35 SONNETS, juntos, em 1918, e ENGLISH POEMS I—II e ENGLISH POEMS III, também juntos, em 1922. O primeiro poema do terceiro destes folhetos é a refundição do «Antinous» de 1918. Publicou, além disto, em 1923 um manifesto, SOBRE UM MANIFESTO DE ESTUDANTES, em apoio de Raul Leal, e, em 1928, um folheto, INTERREGNO — DEFESA E JUSTIFICAÇÃO DA DITADURA MILITAR EM PORTUGAL, que o Governo consentiu que se editasse. Nenhum destes textos é definitivo. Do ponto de vista estético, o autor prefere pois considerar estas obras como apenas aproximadamente existentes. Nenhum escrito heterónimo se publicou em folheto ou livro.
Tem Fernando Pessoa colaborado bastante, sempre pelo acaso de pedidos amigos, em revistas e outras publicações, de diversa índole. O que dele por elas anda espalhado é, na generalidade, de ainda menor interesse público que os folhetos acima citados. Abrem-se, porém, mas com reservas, as seguintes exceções:
Quanto a obras ortónimas: o drama estático O MARINHEIRO in ORPHEU I (1915); O BANQUEIRO ANARQUISTA in CONTEMPORÂNEA I (1922); os poemas MAR PORTUGUÊS in CONTEMPORÂNEA 4 (1922); uma pequena coleção de poemas in ATHENA 3 (1925); e, em o número I do diário de Lisboa SOL (1926), a narração exata e comovida do que é o Conto do Vigário.
Quanto a obras heterónimas: as duas odes ― ODE TRIUNFAL e ODE MARÍTIMA ― de Álvaro de Campos in ORPHEU 1 e 2 (1915); o ULTIMATUM, do mesmo indivíduo, em o número único de PORTUGAL FUTURISTA (1917); o livro de ODES, de Ricardo Reis, em ATHENA 1 (1924); e excertos dos poemas de Alberto Caeiro in ATHENA 4 e 5 (1925).
O resto, ortónimo ou heterónimo, ou não tem interesse, ou o não teve mais que passageiro, ou está por aperfeiçoar ou redefinir, ou são pequenas composições, em prosa ou em verso, que seria difícil lembrar e tediento enumerar, depois de lembradas.
Do ponto de vista, por assim dizer, publicitário, vale, contudo, a pena registrar uns artigoshttp://www.pessoadigital.pt/pt/pub/Pessoa_A_Nova_Poesia_Portugueza_Sociologicamente_Considerada
http://www.pessoadigital.pt/pt/pub/Pessoa_A_Nova_Poesia_Portugueza_No_Seu_Aspecto_Psychologico
http://www.pessoadigital.pt/pt/pub/Pessoa_Reincidindo em A ÁGUIA, no ano 1912, sobretudo pela irritação que causou o anúncio neles feito do «próximo aparecimento do super-Camões». Com a mesma intenção se pode citar o conjunto do que veio em ORPHEU, dado o escândalo desmedido que resultou desta publicação. São os dois únicos casos em que qualquer escrito de Fernando Pessoa chegasse até à atenção do público.Fernando Pessoa não tenciona publicar ― pelo menos por um largo enquanto ― livro nem folheto algum. Não tendo público que os leia, julga-se dispensado de gastar inutilmente, em essa publicação, dinheiro seu que não tem; e, para o fazer gastar inutilmente a qualquer editor, fora preciso um tirocínio para o processo a que deu seu apelido o saudoso Manuel Peres Vigário, já acima indiretamente citado.
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Names
- Alberto Caeiro
- Fernando Pessoa
- Luiz de Camões
- Manuel Peres Vigário
- Raul Leal
- Ricardo Reis
- Walt Whitman
- Álvaro de Campos
Titles
- 35 SONNETS
- ANTINOUS
- ENGLISH POEMS III
- ENGLISH POEMS I—II
- INTERREGNO — DEFESA E JUSTIFICAÇÃO DA DICTADURA MILITAR EM PORTUGAL
- SOBRE UM MANIFESTO DE ESTUDANTES
- «Antinous»
Periodicals