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Duas Odes

Ricardo Reis

Presença 31-32, março — junho de 1931, p. 10.

  • Duas Odes

    Quando, Lídia, vier o nosso outono
    Com o inverno que há nêle, reservemos
    Um pensamento, não para a futura

    Primavera, que é de outrem,


    Nem para o estio, de quem somos mortos,
    Senão para o que fica do que passa –
    O amarelo actual que as fôlhas vivem

    E as torna diferentes.


    Ténue, como se de Éolo a esquecessem,
    A brisa da manhã titila o campo,

    E há comêço do sol.


    Não desejemos, Lídia, nesta hora
    Mais sol do que ela, nem mais alta brisa

    Que a que é pequena e existe.


    RICARDO REIS

  • Duas Odes

    Quando, Lídia, vier o nosso outono
    Com o inverno que há nele, reservemos
    Um pensamento, não para a futura

    Primavera, que é de outrem,


    Nem para o estio, de quem somos mortos,
    Senão para o que fica do que passa —
    O amarelo atual que as folhas vivem

    E as torna diferentes.


    Ténue, como se de Éolo a esquecessem,
    A brisa da manhã titila o campo,

    E há começo do sol.


    Não desejemos, Lídia, nesta hora
    Mais sol do que ela, nem mais alta brisa

    Que a que é pequena e existe.


    RICARDO REIS

  • Nomes

    • Lídia
    • Ricardo Reis
    • Éolo