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TOMAMOS A VILLA DEPOIS DE UM INTENSO BOMBARDEAMENTO
A CREANÇA LOURA
JAZ NO MEIO DA RUA.
TEM AS TRIPAS DE FÓRA
E POR UMA CORDA SUA
UM COMBOIO QUE IGNORA.
A CARA ESTÁ UM FEIXE
DE SANGUE E DE NADA.
LUZ UM PEQUENO PEIXE —
DOS QUE BOIAM NAS BANHEIRAS —
Á BEIRA DA ESTRADA.
CAHE SOBRE A ESTRADA O ESCURO.
LONGE, AINDA UMA LUZ DOURA
A CREAÇÃO DO FUTURO...
E O DA CREANÇA LOURA?
FERNANDO PESSOA
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TOMAMOS A VILA DEPOIS DE UM INTENSO BOMBARDEAMENTO
A CRIANÇA LOURA
JAZ NO MEIO DA RUA.
TEM AS TRIPAS DE FORA
E POR UMA CORDA SUA
UM COMBOIO QUE IGNORA.
A CARA ESTÁ UM FEIXE
DE SANGUE E DE NADA.
LUZ UM PEQUENO PEIXE —
DOS QUE BOIAM NAS BANHEIRAS —
À BEIRA DA ESTRADA.
CAI SOBRE A ESTRADA O ESCURO.
LONGE, AINDA UMA LUZ DOURA
A CRIAÇÃO DO FUTURO...
E O DA CRIANÇA LOURA?
FERNANDO PESSOA
Tomamos a vila depois de um intenso bombardeamento
Fernando Pessoa
Notícias Ilustrado , 14 de julho de 1929, p. 18.