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MARINHA
Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
São felizes: teem pena...
Eu sofro sem pena a vida.
Dôo-me até onde penso,
E a dôr é já de pensar,
Orfão de um sonho suspenso
Pela maré a vasar. . .
E sobe até mim, já farto
De improfíquas agonias,
No cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias.
Fernando Pessoa
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MARINHA
Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
São felizes: têm pena...
Eu sofro sem pena a vida.
Doo-me até onde penso,
E a dor é já de pensar,
Órfão de um sonho suspenso
Pela maré a vazar. . .
E sobe até mim, já farto
De improfíquas agonias,
No cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias.
Fernando Pessoa
Marinha
Fernando Pessoa
Presença 5, 4 de junho de 1927, p. 3.