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CANÇÃO
Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!
Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!
Senhor, já que a dôr é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguem!
FERNANDO PESSOA
Poema republicado no conjunto ʺAlguns Poemasʺ (Sacadura Cabral, Gladio, De um Cancioneiro), Athena, n.º 3, Dezembro de 1924, pp. 81-88. e isoladamente em Cancioneiro do 1º Salão dos Independentes, 1930, p. 22, apenas com uma pequena diferença ortográfica em ambos os casos (ʺnulloʺ). Apresentamos aqui as imagens de ambas as publicações isoladas do poema, seguindo a transcrição a ortografia da primeira.
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CANÇÃO
Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!
Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!
Senhor, já que a dor é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém!
FERNANDO PESSOA
Poema republicado no conjunto ʺAlguns Poemasʺ (Sacadura Cabral, Gladio, De um Cancioneiro), Athena, n.º 3, Dezembro de 1924, pp. 81-88. e isoladamente em Cancioneiro do 1º Salão dos Independentes, 1930, p. 22, apenas com uma pequena diferença ortográfica em ambos os casos (ʺnulloʺ). Apresentamos aqui as imagens de ambas as publicações isoladas do poema, seguindo a transcrição a ortografia da primeira.
Canção (ʺSol nulo dos dias vãosʺ)
Fernando Pessoa
Ilustração Portuguesa , 11 de fevereiro de 1922, p. 129.